domingo, 31 de agosto de 2008

AS TREVAS DE UM FILME DE AVENTURA - crítica sobre o filme batman, o cavalheiro das trevas.


Enfim vi Batman, O Cavalheiro das Trevas! Depois de tanto burburinho, tanto da mídia quanto de amigos. Mas não foi só "pelos outros" que vi Batman, mas também, por que eu gosto dele. Junto com X-Men, são os meus heróis favoritos das Telonas e dos quadrinhos.

Batman O Retorno, de 1992, me marcou. Já O Cavaleiro das Trevas (Batman, the dark night), me frustrou. Mas não escrevo isso com pesar, explico-me:

Poderia resumir ao fato do filme ser do gênero aventura/ação, o que não é o meu estilo favorito, apesar de ser boas formas de entretenimento, mas possui características próprias que não me agradam e que para mim, comprometem o próprio filme, como foi o caso de Batman, o cavaleiro das trevas. São elas: cenas de ação em excesso e falta de consistência na história e nos personagens.

Muito se falou sobre a atuação de Heath Ledger como Coringa, e realmente é muito boa. Ele consegue dar uma personalidade ao personagem quase oposta da que Jack Nicholson, deu ao Coringa em Batman de 1989. Mas provavelmente pelo gênero do filme, não há espaço para o personagem ser tão profundo quanto suas cicatrizes.

E se essa profundidade não está presente no antagonista, quanto mais na história do filme em si. Curiosamente, Batman parece ser um coadjuvante do seu próprio filme. Não pelo Coringa mas por si mesmo. Tanto que seu conflito existencial da figura do herói é tratado de forma superficial.

Apesar das observações acima, Batman o Cavaleiro das Trevas é um bom filme. Sobretudo por tentar sair um pouco do lugar dos filmes do gênero, seja na tentativa de criar um vilão mais consistente, ter um tom mais sombrio em sua história e até mesmo no final dado a mocinha do filme, interpretada muito bem por Maggie Gyllenhaal. Outro ponto positivo, é como se desenvolve a figura do outro vilão do filme, o Duas Caras. Apesar de também se dar de forma superficial ou sem a possibilidade de aprofundamento.

Assim, Batman tenta ser o herói de um gênero mas esquece das trevas que envolve o próprio gênero e conseqüentemente o envolve. Já Batman O Retorno, de Tim Burton explora o que é possível dentro das limitações que o gênero no qual está envolvido lhe impõe. Entretanto é extremamente válido o trabalho de Christopher Nolan em O Cavaleiro das Trevas, em explorar aspectos poucos explorados em filmes do gênero.

3 comentários:

Ivo Costa disse...

é, realmente o filme tem seus deslizes, mas ainda sim é pra mim o melhor filme do ano, veja minha crítica totalmente contrária a sua no meu blog, hehehehe

Priscila Cunha disse...

Tb discordo totalmente da sua crítica!
Eu acho que o filme conseguiu sim, ser profundo, apesar da ação. É um filme extremamente violento, sem derramar uma gota de sangue sequer. Não dá pra fazer um filme de Batman sem que tenha ação ou porradaria. Batman é ação. Acho que o Nolan conseguiu trazer profundidade, sem perder o espírito sombrio nem a pancadaria dos quadrinhos. Se o filme fosse só Filosofia, não seria Batman. É o mesmo que pensar num Idiana Jones sem aventura!
O Coringa foi profundidíssimo! O fato de ele não ter um passado e dar inúmeras versões diferentes pra isso mostra o tanto que ele é doido! Ele mudar de idéia toda a hora, mostra que ele é um cara maluco e que só quer o caos! Essa sutileza foi genial. Se aprofundasse demais nisso, ficaria uma coisa banal, de graça pro espectador. Acho o mesmo pro personagem Duas Caras. O processo de loucura dele foi muito bem trabalhado. A idéia de transformar o bom moço em vilão resume toda a intenção de caos do Coringa. Bastou um fato para corremper o caráter de Harvey Dent.
O trecho das barcas tb foi de uma sutileza incrível. Enquanto o filme discutia a questão do caos e do corrompimento de caráter, essa parte mostrou que não adianta ter um herói. Até pq o filme insiste na preocupação do Batman: o que vai ser Gotham qdo ele parar? Nenhum herói dura pra sempre. Ele é humano, vai envelhecer. A solução para Gotham está no povo. Isso foi muito bem explorado.
Na verdade, Batman dá uma sumida nesse filme, justamente pq ele
quer achar um substituto. E foca no Harvey Dent pra isso. Um herói dentro da lei. Mas, depois, qdo o Coringa escrotiza o Harvey Dent, o foco do Batman passa a ser limpar as burradas do promotor.
Acho que foi um super filme, que conseguiu explorar a linguagem dos quadrinhos, sem tornar os personagens caricatos demais. Sem ofender a inteligência do espectador. Insisto que foi um filme que provou ser possível fazer uma adaptação de quadrinhos, sem cair no ridículo, na infatilidade.

Valmique disse...

Pri não acho que o filme tenha caído na infantilidade, longe disso. E até compreendo as "cenas de ação" e a "pouca filosofia". Mas como disse pro Ivo, acho que "faltou alguma coisa".

O filme poderia ter sido mais do que foi.

Também acho SUPERVÁLIDO os pontos que você ressaltou. Adorei suas colocações. Isso é o bom de discussões né? Mas realmente para mim, como disse, faltou "algo".

Mas você lembrou um ótimo momento do filme, a cena das barcas. É Fantástica! Sutilmente complexa. hehe

Outra observação sua que achei pertinente, foi a questão da busca pelo substituto jsutificar uma possível "ausência" do herói principal. Bacana!

Valeu demais Pri! Beijos! Dá uma olhada na crítica do Ivo.