Isso não faz sentido para você
Como o que você faz não faz sentido para mim
Mas aqui estamos nós: insistindo em achar sentido
Três questões estão me incomodando profundamente no momento. Elas estão diretamente relacionadas ao fato de ser brasileiro, de classe média e morar aqui no Brasil. Não, não estou falando sobre a subida de posições do país em algum dos rankings de pobreza e corrupção divulgados pela ONU ou algo do tipo. Não meu caro, tenho questões mais importantes que me afligem no momento. Como o novo disco da Natalie Imbruglia, o novo da PJ Harvey que ainda não foram lançados no Brasil e até mesmo se as Spice Girls vão fazer show no país ou não.
NATALIE IMBRUGLIA lançou sua coletânea no início de setembro no exterior, intitulada Glorious – The Singles 1997-2007, e aqui no Brasil, nem sombra. E pra agravar ainda mais essa ausência, esta coletânea vem acompanhada de um DVD com os clipes que ela lançou ao longo de dez anos de carreira – alguns, verdadeiras preciosidades do mundo áudio-visual, como os clipes das músicas That Day e Shiver. Este último, por exemplo, mostra como fazer de uma aparente "mais uma música de amor" algo bem mais interessante. Confira no link:http://www.youtube.com/watch?v=FxdGj817u4A
Ainda não sabe de quem estou falando? Ah, sabe sim... olha só:http://www.youtube.com/watch?v=nHKKFf4EDlM&mode=related&search=
Lembrou né? Pois bem, provavelmente você não sabe mais nada sobre Natalie Imbruglia além dessa música Torn – e agora, Shiver - o que é uma injustiça, porque ela é muito mais do que só essa música. Muito mesmo. Mas aqui no Brasil, não sei por qual motivo, ela não é "divulgada o suficiente". E essa coletânea que saiu há mais de um mês no exterior (!?!?!) e ainda não tem previsão de lançamento aqui no Brasil , seria um ótimo começo para você adentrar no mundo musical dessa australiana de feições tão belas quanto sua arte.
PJ HARVEY, definitivamente uma das minhas musas, lançou seu novo disco White Chalk no final de setembro e... Isso mesmo. Nada para quem mora aqui no Brasil. Se não fosse a internet, não seria possível, até o momento, ouvir essa inglesa que faz uma arte visceral e poética, trocar a guitarra pelo piano neste novo trabalho. Ouça sua primeira música de trabalho deste disco, When Under Ether, no link abaixo. Mas se você quer ver o que é uma mulher autêntica com o rock nas veias? Veja o DVD dela PJ Harvey On Tour Please Leave Quietly e mergulhe de cabeça, sem medo, porque vale a pena. Ouça:
http://www.youtube.com/watch?v=74SwCYrALZM
Sim! Elas voltaram! Ou melhor, anunciaram a volta e voltam mesmo no final do ano, em novembro, quando saem em turnê pelo mundo e lançam um álbum com os maiores sucessos. Sim, estou falando das SPICE GIRLS. E porque estou falando delas? Porque tenho que confessar, que eu curto (ou curti?) essas garotas que na verdade hoje já tem mais de 30 anos e são quase todas mães. Constrangedor? Talvez... Afinal, todos gostamos de alguma coisa que preferimos que os outros não saibam... Enfim, quando soube que elas voltariam para a turnê e tal confesso que vi a notícia com um saudosismo adolescente mas depois achei a idéia boa – mesmo que aparentemente oportunista - a ponto de querer que elas façam o show aqui no Brasil. Mas como não é surpresa para quem leu os parágrafos acima, o Brasil também não está dentro, ao menos até a segunda ordem.
Mas nós do terceiro mundo que gostamos de artistas pop internacional já deveríamos estar acostumados com o fato deles ignorarem nosso carinho, certo Madonna? Bem, acostumados estamos, mas dá pra entender o por que das garotas apimentadas incluírem a Argentina nessa turnê e o Brasil ficar de fora? Sim, elas irão fazer shows para nostros hermanos, vizinhos muy amigos argentinos no final de janeiro de 2008. Por que então não aproveitam e dão uma esticadinha até aqui? É só elas pegaram um jatinho e em menos de alguns minutos elas terão cruzado a fronteira. Ok, sei que grandes shows não são fáceis de serem realizados em qualquer lugar por causa da tal logística dentre outras coisas mas...Pô! O Brasil tem uma população maior que a da Argentina e há fãs delas aqui, tanto que alguns até fizeram um abaixo assinado para que elas tragam o show pra cá. Não entendo... deve ter uma cláusula no contrato delas com a Argentina permitindo que elas façam show em qualquer país da América latina, até na Guatemala, menos no Brasil, fruto da “guerra fria” Brasil x Argentina... Ou será – agora falando sério - que elas estão achando que o show em Buenos Aires é na "capital do Brasil"? Alguém por favor! Avisem as garotas! Rápido! Os macaquinhos brasileiros agradecem.
Para entrar no clima apimentado veja o link abaixo, cante e cruze os dedos! (Não, não sou eu nenhum deles com peruca) :
http://www.youtube.com/watch?v=6jQ-QDzyhpo&mode=related&search=
Bem, se você está querendo algum desses trabalhos ou show em terras brasileiras, o jeito é fazer uma "fezinha pro santo". Agora, começa a fazer sentido o Brasil ser um dos maiores países católicos do mundo. Afinal, só uma intervenção divina numa situação dessas. Até porque "eu sou brasileiro e não desisto nunca!" – Sacada inteligente (ou pertinente) esse slogan, hã? É, pelo visto é bom começar a abrir os horizontes, deixar opniões de lado, aproveitar a realidade onde me encontro e começar a ver o lado bom de Ivete Sangalo. (Se você sabe qual é me avisa, ok?)
Na semana que o Brasil se inquietava para saber “quem matou a Taís” num mundo paralelo, não muito longe dali, alguns músicos também deviam estar inquietos para para saber se ganharia ou não na premiação da MTV Brasil.
O Vídeo Music Brasil mais conhecido como VMB, a tal premiação, aconteceu no último dia 27, sem maiores surpresas para o público da emissora, a não ser o show da Juliette and The Licks. Não quero comentar quem ganhou ou quem perdeu ou se a festa foi boa ou não até porque, não assisti e...quem não viu não pode falar, certo? Errado! Se não estive “durante”, estive antes e depois. Soube das categorias, os indicados, vi as chamadas da premiação na tv, o resultado, a cobertura nos sites de notícias... então, acho que posso comentar sim.
Para uma emissora que tem música no nome e que há tempos praticamente não passa música em sua programação, coerentemente, a premiação realizada pela mesma, que tem vídeo no nome, o vídoe-clipe ficou em segundo plano, como mostrou as categorias. É claro que música é muito mais que video-clipe, mas para um emissora de música, video-clipe, já que une imagem e música, é ou deveria ser tudo ou quase-tudo. Mas a MTV não está de toda ruim não, ou menos no VMB. Neste ano, em que houve uma reformulação geral nas categorias da premiação, surgiram algumas que mostram que eles estão antenados com o momento atual musical e juvenil. É o caso de incluir “melhor web hit” - que ganhou, merecedimante, o emblemático vídeo de “vai tomar no cu” - e “você fez” - já que hoje qualquer um pode fazer um clipe com a câmera do celular assim como pode tirar onda de escritor em algum blog, como eu estou fazendo no momento.
Mas a questão é: Uma coisa não exclui a outra. Explico-me: Não sei se estou sendo saudosista em plena era You Tube querer ver vídeo-clipe quando ligar na MTV ou querer ver as categorias melhor clipe pop, melhor vídeo rock, melhor diretor de video-clipe entre outras no Video Music Brasil. Talvez eu esteja ficando um pouco demodê mesmo, afinal a MTV gringa parece fazer a mesma coisa que a tupiniquim. Mas não é só eu, um zé ninguém que está reclamando, foi Justin Timberlake, o cantor-produtor-e-não-sei-mais-o-que-do-momento, que também demonstrou desgosto com o lugar que o video-clipe está tendo hoje em dia. Quando Justin foi receber um dos prêmios que ganhou, no Vídeo Music Awards desse ano - a premiação da MTV gringa, declarou algo como “mtv, queremos ver clipes e não Os Simpsons”.
O VMA também colocou as categorias sobre video-clipe em segundo plano este ano. E pra piorar a desconsideração com os video-clipes quem vota nestas premiações é o público. Ao menos a MTV Brasil insiste nisso, porque na dos gringos, eles fizeram isso no ano passado mas parece não terem gostado do resultado (nem eu, afinal Because Of You da Kelly Clarkson ganhou o prêmio de melhor vídeo feminino deixando para trás clipes/artistas como Hung Up de Madonna - Meu protesto não é só porque a música é uma água-com-açúcar insossa mas o clipe também é). Em 2007, no VMA, o público só pode votar em uma, a de revelação. O que acho justo deixar uma ou outra categoria para o público votar. Está se sentindo ofendido? Relaxa, leia o parágrafo abaixo que a raiva passar, garanto.
Público é público e fã, é um tipo de público “pior” ainda. Não que o público não pense, mas no geral ele não tem embasamento técnico/científico e o público-fã é extremamente parcial. Eu por exemplo, é claro que se eu puder votar na Alanis Morissette em alguma coisa eu vou votar nela não importa se o trabalho dela for inferior do que o dos candidatos. Por isso, deve existir um júri qualificado para saber valorizar algo feito por Jonas Akerlund, Chris Cunningham ou Stephanie Sednoui, entre outros, quando o vídeo dessas feras estiverem concorrendo com uma canção pop-chiclete do momento. Público-fã, como é o da MTV, não vai fazer isso, sobretudo quando a maioria desses fãs são adolescentes. Uma categoria para eles/nós seria o suficiente, afinal isso faz a votação nessa categoria mais emocionante, ao menos para mim, como era com a finada “escolha da audiência” do VMB.
Bem, estou com o Justin. Mas também acrescento ao discurso dele (até porque ele tem outras razões para querer ver clipe na MTV, sobretudo os dele) que também quero ver os video-clipes serem valorizados em premiações, principalmente naquelas que tem vídeo no nome. Para que assim, valorize-se quem faz do video-clipe seu trabalho e nos presenteia com verdadeiras preciosidades visuais quando apenas ligamos nosso aparelho de tv (ou acessamos o You Tube, claro).