sábado, 30 de agosto de 2008

DIREITOS E DEVERES - a dificuldade dessa conduta em nossa cultura brasileira


Como cidadãos temos uma série de direitos e deveres que devemos exercer para termos uma melhor convivência social. Entretanto, percebo freqüentemente, que é de nossa cultura brasileira não exigirmos nossos direitos. Talvez, por acreditarmos que não temos esse direito ou por considerar que um dia não não exerceremos nossos deveres.

Isso acontece desde situações micros quanto macros. Desde o vizinho que poe música alta depois das 22h até nossa postura política nas eleições.

Essa constatação, baseado em minhas observações e depoimentos de pessoas próximas, me deixam indigando e ao mesmo tempo triste.

Essa prática de não praticar o exercício de nossos direitos e deveres é tao complexa que atinge um nível em que muitos não se sentem no direito de exigir coisa alguma. E confundem, erroneamento, a exigência de nossos direitos com falta de respeito e ofensa ao outro.

Por exemplo, se um vizinho está "fazendo barulho", leia-se música alta ou festas/reuniões, depois das 22h, muitos não se sentem no direito de ir lá ou ligar e pedir educadamente, é bom ressaltar, que diminua o barulho, o som. Mas qual o problema de você ire lá e fazer essa solicitação educadamente? Mas essa relação direito/deveres está tão corrompida em nossa sociedade que o vizinho, que tem o direito de ouvir música, receber visitas, fazer festas, se sentirá ofendido e quem "pediu" constrangido. Então, nesse raciocínio doentio, muitos preferem não fazer nada e ir dormir, depois de um dia de cansaço, somente depois que os outros resolverem ir dormir e assim, cessar o barulho.

Não se trata de uma questão vulgar de "os incomodados que se retirem" mas sim de condutas para uma boa convivência. Afinal, se hoje, são eles "que incomodam", amanhã, é você que pode incomodá-los.

É claro, que para a convivência entre as pessoas contamos com um fator importante e que poderia ser determinante: o bom senso Entretanto, não são todos que tem bom senso . Por isso, a prática do direitos e deveres ser fundamental.

Outro dia, para ilustrar, estava no cinema com um amigo e atrás de nós estavam duas mulheres. Uma delas, ficava, não sei por qual motivo, batendo na cadeira do meu amigo. Ele, possivelmente "vítima" dessa cultura de "para que incomodar os outros?" não fez nada. Eu, talvez impaciente, pedir ela para parar. Ela parou por um tempo e voltou. Daí, não fiz mais nada, afinal, eu não estava na cadeira dele e ele não gostou quando intervi na primeira vez, e então, esperei ele fazer algo. Mas ele, nada fez. No final do filme ele disse que se sentiu incomodado e eu perguntei porque ele não pediu para ela parar, ele disse que não queria ficar constrangido caso ela fosse ríspida com ele e alegou que talvez ela tivesse esse "tique nervoso" de balançar as pernas. Então, considerando a hipótese de que ela realmente tivesse esse "tique", ela não perceberia que estava incomodando, ou seja, aqui, ela não teria bom senso. E então, se tornaria necessária uma intervenção. No caso, do meu amigo virar e chamar a atenção dela de que ela estava incomodando-o e que assim como ela, ele, tinha o direito de ver o filme tranqüilamente.

Aliás, cinema é um lugar onde bem ilustrativo. Todos estão ali com um objetivo, ver o filme. E vê-lo da melhor maneira possível: confortável, tranqüilo e em silêncio. Mas com certeza, vocês já testemunharam que não é isso o que geralmente acontece. Não vou falar dos adolescentes que tem uma postura típica. Mas sim, daqueles que resolvem comentar o filme enquanto ele está sendo exibido, ou daquele que atende o celular para dizer que não pode falar no momento (?!), ou aquele outro que fica mexendo no celular e não percebe que a luz do aparelho pode tirar a atenção de quem está assistindo.

Enfim, exemplos não faltam em nosso dia-a-dia, desde o funcionário que prefere não cobrar as passagens do ônibus quando fica depois do horário e perde o especial da empresa por achar que pode estar sendo mesquinho ao solicitar esse direito até os que votam e não cobram ou acompanham o desenvolvimento de seus políticos quando são eleitos.

É lamentável ver que muitos preferem não exigir seus direitos e assim, valer seus deveres, por motivos que ele mesmo desconhece. E mais triste ainda, é saber que esse é um fator cultural de uma sociedade. E assim, cabe a nós, somente a nós, mudarmos essa conduta e termos outra postura.

2 comentários:

Priscila Cunha disse...

Muitas pessoas não exigem os direitos por desacreditar na Justiça. O típico pensamento: não vai dar em nada, pq vou reclamar?
Outra coisa que pesa é a cultura dos avessos. É só ver como o jeitinho brasileiro é bem quisto. É sinônimo de esperteza.
E afinal, o mundo é mesmo dos espertos?
As pessoas de bom senso costumam sofrer demais no Brasil. Isso porque são raridades. Prevalece mesmo a cultura dos "incomodados que se retirem".
Enquanto houver pouco investimento em educação (cidadania, boas maneiras, gentilezas urbanas etc), vamos pagar o preço da ignorância coletiva.
A solução é fazer a sua parte, exigir seus direitos e conseguir uma forma de não morrer de raiva qdo a estupidez prevalecer.

Valmique disse...

arraso pri! é isso aí!

na verdade, é frustrante essa constatação de como nossa cultura é fraca e mesquinha né? E penso, como vamos nos desenvolver agindo desse jeito?