sexta-feira, 23 de maio de 2008

MEMÓRIAS VIVAS! - um poema e um conto, duas versões de um mesmo assunto De Onde U Garoto Lembrou de Alguns Sentimentos



Quem poderia imaginar?
(Valmique)

Anos depois,
O mesmo mês,
O mesmo lugar,
Aquela mesma pessoa.

Anos depois,
o mesmo gosto,
o mesmo jeito,
em outra cama.

Anos depois,
as mesmas lembranças,
o mesmo estilo.
Minha memória de elefante,
meu nome esquecido.

Anos depois,
O tempo não pareceu influência determinante,
para mudanças relevantes.

Anos depois,
ao menos a cidade,
daquela janela de hotel,
apresentava-se para mim,
diferente.


A inimaginável coincidência
(Valmique)


Quem poderia imaginar que após 7, 6 anos encontraria a mesma pessoa, no mesmo lugar, no mesmo mês? Alguém que já foi sinônimo de libertação e auto-afirmação, uma importante parte de minha história. Uma lembrança eterna estava ali, viva, diante de mim.


Neste encontro casual, fiquei estupefato durante um bom tempo por aquilo estar acontecendo. Mas passado o susto, decidi viver o momento, que já tinha passado. Nele, ele, disse que não acreditava em coincidências, mas o encontro, assim como o anterior, não havia espaço para profundidades.


Ele, com seus 30, eu, com meus 20. E depois de tanto tempo, algumas coisas aconteceram. Falei sobre minha graduação e relacionamento estável, com direito a divisão de mesmo teto. Ele, disse que foi embora da cidade logo depois que nos conhecemos e voltou para sua terra natal, morou um ano no exterior e hoje vive em São Paulo com os seus pais e pode voltar para BH. Relacionamentos? Pelo visto nada significativo, ou como já disse, o momento, ao menos para ele, não pedia profundidades. No máximo, frases que poderiam ser discutidas.


Ele admitiu que memória não era o seu forte. Tanto que não lembrava de mim. Só durante a conversa ele falou que minha fisionomia começou a ficar familiar para ele. Engraçado isso... já eu, lembrava seu nome, onde morou, seu visual, o que fizemos e nos dissemos, o filme que “tentamos” assistir juntos e até onde nos encontramos lá no início da década. Para ele, 2002, para mim, 2001.


Mas não tinha certeza e isso não importava. Mas era engraçado porque ele usava as mesmas roupas de quando nos encontramos. Claro, não as mesmas peças, mas o mesmo estilo. Será que o tempo não é tão significativo assim na vida das pessoas? O suficiente para mudanças? Será que eu mudei nesse tempo? Será que minhas roupas eram as mesmas? As roupas eu posso afirmar que não e por um momento, me senti melhor do que ele, e por um momento também, tive medo das respostas.


Lembro agora de olhar pela janela do quarto do hotel que ele estava. A cidade ali, foi me apresentada por um outro ângulo, que eu desconhecia. Ah, claro, fui ao hotel que ele estava hospedado. Fiquei grudado nele como um parasita desde quando o reconheci. Talvez, na esperança de sugar algum sangue com vida para preencher as veias da minha. Mas fiquei mesmo como uma barata tonta, apesar de eu nunca ter visto uma. Afinal, queria agarrar o que estava acontecendo por já ter acontecido um dia e não imaginava que poderia voltar a acontecer.


Enfim, trocamos e-mails. Ele não escreveu. Eu também não.


Trilha sonora 1:

http://br.youtube.com/watch?v=ZKbLfdSsKGQ


Tilha sonora 2:


http://br.youtube.com/watch?v=STn-_Nto3wY

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