sábado, 24 de maio de 2008

LIKE A RAPADURA - hard candy, o novo disco da madonna


Talvez para entender o que escreverei sobre o novo disco da Madonna, Hard Candy, seja interessante você saber qual foi o primeiro disco que comprei da "material girl": Ray Of Light. Um disco lançado em 1998 e que após dez anos de seu lançamento é, sem dúvida, considerado um dos melhores de sua carreira. Sobretudo pela inovação musical ali apresentada, um pop-eletrônico sofisticado, e por trazer uma Madonna mais madura, profunda e ao mesmo tempo jovial, dançante. Desde então, Madonna lançou um disco tão bom ou melhor após o outro: Music (2000), American Life (2003) e Confessions On A Dance Floor (2005) vieram na seqüência. São discos que levam o ouvinte para outra dimensão da pop music, de um jeito que só Madonna é capaz de fazer: ousado, diferente, dançante e acima de tudo, pop.


Voltando para 2008, com Hard Candy (Algo como "doce duro" em português) Madonna nos leva, desta vez, para uma dimensão conhecida e comum da pop music atual: a das batidas hip hop, que já estão saturando as rádios atualmente. E se a volta ao passado parecia sutil em Confessions, em Candy, podemos ver claramente algo muito familiar com a cantora de "lucky star" e "burning up" de 1983. Não que isso seja necessariamente ruim, mas não é vanguardista como ela vinha sendo até então. Além de em alguns momentos, Madonna lembrar outros artistas, para os quais com certeza ela já foi/é referência, como Gwen Stefani, Nelly Furtado e o próprio Justin Timberlake, um dos produtores do disco.


Com isso, não quero dizer que Hard Candy seja ruim. Não é. É um disco positivo, dance e pop. Provavelmente o mais positivo lançado pela cantora nesta década. Mas seria muito bom se fosse o novo disco da Rihanna, mas por ser Madonna, que já lançou Ray Of Light, Music, Like A Prayer, Bedtime Histories é um disco apenas bom.


Teria ela me acostumado mal? Estaria eu sendo exigente demais com a Rainha do Pop? Duro com uma mulher de quase 50 anos? Insensível com um ícone que sempre ditou/dita tendências? Uma artista que com seus 25 anos de carreira fez mais do que 25 carreiras de outros artistas juntos? Estaria ela apenas relaxando neste momento? Estaria ela apenas querendo reconquistar os Estados Unidos? Cumprindo seu contrato com a Warner e guardando seu brilho artístico para o primeiro disco pela Live Nation? Qualquer que seja a resposta, acredito que o que Madonna menos quer é gentileza, concessões ou a alienação dos fãs.


Entretanto, Hard Candy traz uma das mais potentes trincas-musicais-dançantes-pop presentes em um disco da artista: as músicas "Candy Shop", "4 Minutes" e "Give It 2 Me", que em seqüência abrem o disco. A primeira, uma debochada, irônica e muito bem construída metáfora sobre doces, sabores, sexo, mulheres e por quê não, concorrência no mercado musical/showbizzness. A segunda, "4 Minutes", tem uma batida boa mas peca pelo excesso de efeitos, mas é contagiante o suficiente para introduzir um futuro clássico na carreira de Madonna: "Give It 2 Me". Que traz um dos melhores refrões pop dos últimos tempos.


De resto, infelizmente, Hard Candy não mantém o nível, mas traz agradáveis surpresas como a funkeada "She's Not Me", "Incredible" (estas duas músicas, do meio para o final, ficam muito mais interessantes. Ouçam e irão sentir o que estou escrevendo. Além de "Incredible" trazer uma das melhores rimas bobas e ao mesmo tempo genias que só Madonna é capaz de fazer: "Incredible/Let's finish what we started/ Incredible/ You´re welcome to my party") e até com a algazarra lingüistica e musical de "Spanish lesson". Em "Heartbeat" e "Beat Goes On" (esta, totalmente diferente da "demo" que vazou ano passado, o que não quer dizer que tenha ficado melhor) a voz de Madonna parece dessonante demais, leia-se aguda, para as batidas hip hop de Pharrel Willians (que conseguiu ter a melhor química musical com Madonna em todo o disco) e Kanye West. Além de momentos descartáveis, como "Dance 2night" e "Devil wouldn't regonize you", que no primeiro acorde é possível reconhecer que vieram da dupla timberlake/timabaland.


Assim, vemos que Hard Candy, como o próprio nome diz, é um doce pop difícil de engolir. Mas como mesmo escrevi, é doce e pop, duas características que não são ruins. Ainda bem que Madonna é inteligente para desviar nossa atenção com outro talento/lançamento musical: sua nova turnê, a "Sticky and Sweet Tour" (que com a benção de Deus, Buda, Alá, Oxum virá ao Brasil). E confesso, on a dance floor, que vai ser ótimo poder curtir alguma das músicas de Hard Candy ao vivo.

Confira abaixo a música "Give It 2 Me", que será, merecidamente, o segundo single do disco:

http://www.youtube.com/watch?v=jekVqOdvisI



2 comentários:

Flavimar Dïniz disse...

Gostei mais desse que de Confessions.

E Incredible é o hit piriguete do ano!

Mel Perete disse...

"Mas seria muito bom se fosse o novo disco da Rihanna, mas por ser Madonna, que já lançou Ray Of Light, Music, Like A Prayer, Bedtime Histories é um disco apenas bom."

Resumiu de maneira sucinta e inteligente!
I so pround of you!
Besos!